A árvore não é mais aquela,
entanguiu, regrediu muchou.
O passarinho que cantava para mim,
desistiu, bateu asas e voou.
O cachorro que latia a me ver,
ficou velho vive encostado à parede.
Não encontro a bica e o olho d’ água,
onde no verão eu saciava minha sede.
O riacho onde eu ouvia a cachoeira,
foi extinto, virou um caminho de pedras.
A areia que só existia no caminho,
está em todo o canto, só se passa se a ela arreda.
O que era sombra está virando descampado,
a solidão, o vazio, o deserto...
Sou testemunha dessa destruição desenfreada,
preferiria não ser, nem estar por perto.
A jaqueira que matava minha fome,
a cigarra que cantava suas trilhas.
O zebu que bebia na beira do rio,
não percebo mais todas essas maravilhas.
Voltar aqui me fez um corte por dentro,
destruiu o verde da minha alma.
Borrou o quadro que eu pintei na infância,
é céu sem azul, olhos sem íris, mãos sem palma...
Mariano P. Sousa
4 comentários:
Oi meu amigo, que linda e triste poesia.
Como é difícil conviver com tudo a nossa volta a se corroer, dói por demais.
Ainda bem que temos guardado na lembrança a infância por nós vivida, onde tudo era belo.
Beijos meu querido amigo.
Mariano, um poema triste com uma dura realidade.
Aproveitemos o nosso tempo, ele passa tão rápido, depois vamos viver só de lembranças.
Grande abraço!
Poeta Mariano feliz de você que pode exprimir em versos toda uma saudade.Falas da visita a um local que conhecestes na infância. O progresso acaba com muitas lembranças meu amigo. Resta-nos sempre a lembrança e a imagem gravada na retina.
Carinhosos abraços aos amigos:
Antônio campos, Dora e Majoli!
Obrigadão pela visita e gratificantes comentários!
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